Cultura

ROMANCE "A PSICÓLOGA", TF, CAP 15: O SÃO JOÃO, O VESTIDO SEX E O BANHO

Diria que procurei tomar banho o mais rápido possível e mudar de roupa vestindo um short azul surrado e uma blusa creme para retornar à cozinha.
Tasso Franco ,  Salvador | 15/07/2025 às 09:41
Ohana vai a feira com vestido que ressai bumbum e chama a atenção
Foto: Seramov

CAP 15
A SEMANA DE SÃO JOÃO, O VESTIDO SEX E O BANHO
  
Ohana segue sua narrativa: 

   O mês de junho é o mais animado em nosso povoado época dos festejos para São João – nosso padroeiro – e São Pedro – o chaveiro do céu – e bom em negócios e mais gente comprando vários produtos artesanais dos feirantes e acaba todo mundo ganhando um pouco mais de dinheiro.

  Nós fabricamos bancos e mesas de madeira baratos para vender na feirinha e aquela semana que vai de 23 a 29 dois dias santos de São João e São Pedro com uma parte da população acendendo as fogueiras, produzindo comidas típicas – bolos de milho e de aipim, cozinhando amendoins, etc, tudo vira uma festa. 

  Eu e Alicinha fomos a feirinha comprar exatamente esses produtos – milho verde, aipim e amendoim – para fazer nossa festa e quando chegamos no largo Alicinha cutucou-me e disse que estava surpresa com o porte físico de Marcelo, o motoboy que havia me levando para a consulta com a cigana, e assim falou:

   - Mãe, aquele rapaz não é o filho Sêo Toninho de dona Lidia do Armarinho! Puxa como está bonito.

   Tomei um choque quando ela falou aquilo e embora não soubesse que fora ele que me levou a cigana e eu estava com um desejo para além daquela satisfação que tive, pensamentos maliciosos, respondi de forma apressada o que não sei se despertou alguma desconfiança nela.

   - É, sim. Ele trabalha como motoboy e faz entregas aqui no povoado, disse esgueirando-se e observando uma pilha de espigas de milhos à venda procurando saber do feirante quanto era uma mão de milho, enquanto Alicinha insistia:

   - Ele está me olhando e dando risinhos pelo canto da boca. Será que está me paquerando. O conheço desde menino e sempre o achei formoso, falou.

  - Sei, filha, mas agora é hora de compramos os milhos, os amendoins, as laranjas...

   - Sei disso, mas também é hora de namorar, fazer simpatias para o santo na fogueira e já estou grandinha para decidir né mãe!

  Vamos, puxei-a pela mão, carinhosamente e compramos o que queríamos. 

  Enquanto isso, pensando bem entre uma compra e outra, creio que Alicinha tinha razão porque agora ela era uma estudante universitária avançara na idade e certamente já tinha seus desejos como tem toda mulher jovem, mas igualmente pensava comigo que aquele danado do motoboy estava era olhando para mim. Percebi isso de olho travessa e creio a provável sedução dele por minha pessoa estava no vestido que usava para ir a feira.

  Usava um vestido solto drapeado creme desses que criam um efeito ondulado no bumbum e ressaia minhas formas, destacava minhas curvas. 

  Sou uma pessoa sincera e digo a vocês que pareço com pai em estrutura alta e possuo as ancas de mãe, o torneado de suas pernas, o busto volumoso e um bumbum atraente.

  E quando coloco um vestido modelo evasê com alcinhas meu corpo ressai, meus seios ficam soltos embora eu estivesse de sutiã, mas também de um tecido levinho, tenho a impressão que aquele moleque notou isso e deve ter pensado que meu vestido é desses bom para trepar que não atrapalha em nada.

  No dia em que fomos visitar a cigana eu fui de calça jeans e blusa caqui, sem atrativos e calça deve ser horrível para quem pensa em sexo e aquele moleque ficou foi olhando para mim com esse intenção, em especial para meu vestido, e quando chegamos na área interna do mercado municipal pra comprar uns chouriços na tenda de Sêo Técio foi que me dei conta disso, desses pensamentos sem sentido. 

   E Alicinha ficou olhando para mim e me achando meio estranha que eu estava parecendo que estava sonhando e eu disse a ela que não era nada e fizemos as compras e voltamos para casa para preparar s comidinhas para a noite de São João.

   Nem queria detalhar isso para vocês porque esses tormentos de cabeça são coisas que a gente deve ficar para si. 

   Depois que arrumamos às compras na despensa disse a Alicinha que iria tomar um banho e trocar de roupa para a gente fazer os bolos, a canjica, cozinhar o amendoim, descascar as laranjas e tudo mais.

  E quando entrei no quarto sozinha foi até a penteadeira e fiquei me olhando no espelho dava voltas no corpo para ver se meu vestido era, de fato, atraente como imaginei.

  Em seguida, descalcei as sandálias retirando as correias das fivelas e de repente passei a mão nas minhas coxas metendo-a por debaixo do vestido, que maldição meu Deus, pensando no moleque do motoboy, imaginando que era ele que estava fazendo isso.

   Deu-me um fogo enorme, peguei na minha vulva e alisei com vontade e enfiei dois dedos nela e fiquei rubra, assanhada, com pensamentos maldosos, até que me levantei bruscamente, cortei aqueles pensar e fui tomar um banho de água fria para espantar os desejos reprimidos, a água descendo suave do chuveiro me acalmando por dentro e refrescando por fora, um prazer estranho que nunca tinha experimentado as pontas dos meus seios rijos a intimidade acalentada. 

   Diria que procurei tomar banho o mais rápido possível e mudar de roupa vestindo um short azul surrado e uma blusa creme para retornar à cozinha.
                                                              ***
  A noite de São João não teve o brilho dos anos anteriores creio devido a morte das crianças na escola. Só faziam dois anos do acontecido e as famílias ainda estavam muito tristes. E como somos uma comunidade pequena, de parentes e aderentes, aquelas quatro mortes que aconteceram de forma tão dramática, sangrenta, impactaram demais no povoado.

   Os quatro viraram dezenas envolvendo tios, tias, sobrinhos, primos, amigos e muitas casa não acenderam fogueiras nas portas, a quadrilha junina da escola não se apresentou até porque a unidade está fechadas até hoje e tudo isso gerou um trauma muito forte com as famílias sem ânimos para dançarem nas portas da casas e o sanfoneiro Zitinho sair pelas ruas animando as pessoas, cantando de porta em porta, as mulheres usando aquelas saias compridas com florais e os homens usando camisas de quadro e chapéus de palha, em cortejo.

   Como vocês já sabem, não perdemos nossa filha no crime da Dom Miguel e ela estava conosco por sinal muito bonita com o rosto pintado de bolinhas e usando Maria Chiquinha no cabelo. Por respeito aos demais, acendemos a nossa fogueira no quintal da casa.

   Nossos convidados foram reduzidos: a mãe de Roque, meus pais, minha irmã, tia Glória, Sêo Damasceno, Sêo Badu da Padaria e esposa, gente pouca. Damasceno trouxe uma ou duas dúzias de foguetões e começou a soltá-los fazendo aquele rastro de fogo no céu e pipocando lá no alto, Roque gritando viva São João e tia Glória abraçada com uma garrafa de licor de Jenipapo servia a todos com copinhos postos numa bandeja de metal.

   A fogueira foi acesa por Roque com uma bucha embebida em álcool e uma mesa estava posta com os bolos, amendoins cozidos, pé-de-moleque, laranjas cortadas, espigas de milhos cozidos, uma fartura daquelas que só acontece no São João até por ser uma tradição e não um momento de ostentar nada. 

   Esse foi o clima. Alicinha ainda pensou em convidar ex-colegas da escola para virem até nossa casa, mas, desistiu. Isso penso porque não havia clima e fizemos nossa festa estritamente familiar notando, do nosso quintal, que o foguetório noutras casas também foi pequeno, os fogos de artifícios poucos e nós mesmos, só compramos meia dúzia de vulcões, uma caixa de adrianinos, um pacote de lágrimas e nada mais. 

   Quando foi por volta da meia noite Roque puxou com a pá as brasas que se formaram na fogueira e colocou num canteiro que organizou com quatro tijolos. Em seguida, pôs uma trempe de ferro em cima e cortes de alcatra e picanha para assar. Foi até o braseiro e com um leque de pindoba abanava as brasas para que assassem as carnes. A gordura da picanha pingava no braseiro e subia aquele odor agradável.

   Trata-se de uma tradição aqui em casa e todo ano a gente assa essas carnes e coloca-as em tirinhas num prato com farinha e mistura umas com as outras e vai comendo os pedaços mais assados cortados com uma faca.

   Sêo Damasceno assim falou: - O melhor deste São João é essa carne que vocês fazem todo o ano. Aprecio muito porque carne boa é dessa maneira que se faz passada na brasa apenas com sal deixando a gordura derreter e comendo as lascas com farinha. 

   Roque completou: - Experimenta essa destilada de São Raimundo Nonato e depois devore um pedaço dessa picanha que o senhor vai ver o que é bom.

   Os dois se alinharam em frente à mesa, colocaram dois copinhos de vidro para pinga, encheram-nos, brindaram, deram um pouquinho ao santo e em gestos rápidos levaram os fracos às bocas, soaram pitacos com as línguas e adicionaram pedaços da carne bem passada e falaram “que delícia; meu povo”.

    Eu fiquei olhando com Alicinha também comendo da picanha, porém experimentando doses de licor de jenipapo feitos por uma senhora do povoado das Cajazeiras dona Antônia Leda e que havíamos comprado na feira.

   Admirava como nossa Alicinha estava uma mulher bonita e até imaginando mais adiante como seriam nossos netos, com quem ela se casaria, em Aracaju ou noutra cidade grande do Brasil, porque psicóloga, imagino, só deve trabalhar em cidades grandes.

   E se teríamos netos sergipanos, paulistas, mineiros ou de outros estados e isso me deixava angustiada porque nasci e vivi a vida toda num povoado é todo mundo mora junto, é conhecido, se casa com parentes.

   E foi assim com mãe e pai, comigo e Roque que nos conhecemos desde pequenos. E já imaginava nossa filha morar em São Paulo naquele mundo de cidade. Nem gosto de pensar nisso.

   Roque desconfinou quando me viu assim meio lerda olhando pro céu e eu disse que não era nada não mas fiquei com vontade de falar a ele sobre esse temor preferindo que ela se case em Aracaju, uma coisa assim mais próxima, mas desconversei e fomos pular a fogueira.

   Diria que foi uma noite maravilhosa. Quando fomos dormir já passava das 2 horas da manhã, os convidados tinham ido embora e só ficou conosco a mãe de Roque e cada qual foi para seu quarto. Vesti uma camisola com estampas de borboletas, sem nada embaixo e Roque deitou-se como veio ao mundo coberto por um lençol de cambraia suave.

   Confesso que senti uma atração enorme pelo Roque nesta madrugada, mas não podíamos fazer sexo como eu gosto de fazer dando uns gritinhos, falando umas palavras de amor mais alto e pedindo para ele me penetrar com força, com estocadas firmes, porque a mãe dele dormia no quarto ao lado e Alicinha no terceiro quarto mais adiante. E nossa casa é sem forro, a gente vê o telhado inteiriço e voz irradia como serviço de alto falante.

   Nada disso, no entanto, impediu que a gente namorasse bastante. Roque às vezes tapava minha boca com as mãos e eu cochichava no ouvido dele pedindo para meter forte, eu por cima dele agitada, rebolando, parecia um bambolê, até que, fui mais ousada ainda e sai de cima dele e comecei a beijar seu peitoral e fui descendo feito uma onça unhando suas costelas e passando a língua na sua barriga e desci mais e beijei seu duro e parece até que eu estava fora de mim e chupei a vontade a ponto de deixar Roque com os olhos revirados e depois voltei por baixo e foi coisa de louco até que gozamos com urros contidos, quase em silencio, porém, satisfeitos e exaustos.

   E só então fomos dormir. Eu ainda levantei para tomar um banho e Roque nem isso dormiu um sono profundo até o dia amanhecer e acordar às 8h porque no dia santificado de São João Baptista iriamos a missa na capela do povoado.

  Quando o dia estava amanhecendo voltei a sonhar com a cobra. Desta feita ao invés da miserável está tentando engolir Roque, a tentativa era comigo. E já tinha engolido minha perna esquerda quase toda, a boca na altura do fêmur, quando eu peguei um cabo de vassoura piaçava e dei com força na sua cabeça dela. A bicha recuou e deixou aquela gosma branca na minha perna.

  Quando ressonei no descuido ela investiu de novo e desta feita engolia minhas duas pernas. Eu gritava com toda força e pedia proteção a Deus, chamava pelo nome de Roque e acordei apavorada e suando bastante.

  Sentei-me na cama e Roque acordou apreensivo e perguntou parque eu estava chamando seu nome àquela hora e eu disse: 

  - Foi a cobra, a peçonhenta voltou.

  Roque mandou que eu parasse de besteira e procurasse dormir e que rezasse um pai nosso e uma ave Maria. Eu me acalmei e comecei a rezar em silencio, o galo do nosso terreiro cantava sem parar e só fui pegar no sono lá paras 6h quando o dia já estava claro.

*** No próximo capitulo a provocativa visita da madame Fonseca a Roque