João Jorge afirmou que, com o programa, será possível levar equipamentos e conexão para que a juventude e pessoas de todas as idades se comuniquem com o mundo a partir de suas próprias experiências culturais
Fundação Palmares , Salvador |
11/08/2025 às 11:52
Novo ciclo de inclusão tecnológica em quilombos e terreiros
Foto: Juliana Uepa/MinC
No Forte da Capoeira, em Salvador, símbolo da resistência negra no Brasil, a Fundação Cultural Palmares (FCP) lançou o Eixo Afro-Digital: Conectando Quilombos e Terreiros, iniciativa que pretende reduzir a exclusão digital em territórios afro-brasileiros e tradicionais.
O projeto, coordenado pelo presidente da FCP, João Jorge Rodrigues, integra o Programa Cultura Conectada, desenvolvido em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério das Comunicações (MCom). A proposta é promover inclusão tecnológica alinhada à ancestralidade, valorizando a produção cultural e a memória coletiva.
João Jorge afirmou que, com o programa, será possível levar equipamentos e conexão para que a juventude e pessoas de todas as idades se comuniquem com o mundo a partir de suas próprias experiências culturais. Ele ressaltou que “o futuro chegou, e ele é inclusivo, digital e com respeito à nossa história”.
O lançamento ocorre no mês em que a Fundação Cultural Palmares completa 37 anos, em um momento de fortalecimento das políticas públicas voltadas à soberania digital e ao acesso democrático à tecnologia. A ação busca conectar o saber tradicional à infraestrutura digital, garantindo que comunidades historicamente silenciadas ocupem também o espaço virtual.
Durante a cerimônia, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre MinC e MCom, que prevê entrega de computadores, letramento digital com perspectiva afrocentrada, capacitação em manutenção e reutilização de equipamentos, apoio técnico permanente e a construção do Mapa Nacional dos Quilombos e Povos de Terreiro Conectados.
Foram entregues, de forma simbólica, 200 computadores recondicionados a 44 comunidades quilombolas e 17 povos de terreiro. O gesto inaugura um processo de inclusão digital com letramento afrocentrado, formação técnica e conexão construída sobre o respeito e a valorização dos saberes ancestrais, fortalece a autonomia e amplia a presença dessas comunidades no ambiente digital sem romper seus vínculos com a tradição.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, disse que quer internet em todos os terreiros, quilombos e territórios culturais do país, para que as pessoas estudem, trabalhem, expressem sua identidade e contem as histórias que sempre tentaram lhes negar.
O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, destacou que não existe desenvolvimento social ou econômico sem inclusão digital e que a parceria inclui formação, conectividade, produção de conteúdo e valorização de saberes tradicionais.
Para João Jorge, anunciar o Eixo Afro-Digital no Forte da Capoeira reforça o elo entre passado e futuro. “Este é um lugar histórico da capoeira e da resistência negra. Hoje, ele se fortalece como ponto de presente e de futuro. O futuro chegou.”