Cultura

ESCRITOR DE ÁGUA FRIA LANÇA LIVRO E PROJETO EDUCATIVO EM MAPUTO

Natural de Água Fria, Atanael Barros desembarca em Moçambique em dezembro com o projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral”
Tasso Franco ,  Salvador | 25/11/2025 às 12:11
Atniel Barros
Foto: Raimundo Cavalier
  
O poeta e escritor Atanael Barros, cruza o Atlântico para um encontro ancestral na África, berço da humanidade. O baiano desembarca em Maputo, capital de Moçambique, no dia 01 de dezembro, para ministrar o projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral”, que inclui o lançamento Internacional do seu segundo livro “Preto da Realeza”, entrelaçado a outras três ações: oficina de escrita, performances poéticas e produção de documentário. As atividades serão abertas ao público e conta com apoio da Secult/Ba. 

O escritor, que defende uma educação afrocentrada e antirracista, utiliza a sua obra e de outros autores negros como referências didáticas e pedagógicas para alcançar a juventude moçambicana, que assim como os brasileiros, tem o português como língua oficial – fruto do processo de colonização europeia. Com discussões pautadas no fortalecimento de identidades negras e letramento racial, Atanael busca romper com a herança escravocrata e se conectar às raízes da cultura afro-brasileira.

“Esse intercâmbio é mais que uma oportunidade: é a chance de aprender com os meus, absorver todo aprendizado possível e compartilhar com os próximos, pois o nosso conhecimento é ancestral e isso ninguém rouba da gente. Sempre foi um sonho conhecer o continente africano e essa experiência será um grande diferencial para a minha pesquisa e carreira artística”, disse. 

A execução do projeto também conta com oficina de escrita criativa sobre a literatura negra, onde os participantes serão convidados a resgatar memórias e refletir sobre suas vivências. Para dar corpo e sentido às narrativas, expressões como a dança, música e vestimentas vão permear as oratórias, que terão uma metodologia baseada na escuta ativa e sensibilidade, priorizando uma abordagem antirracista e decolonial.

“A oficina promoverá um ambiente horizontal e afetivo pautado na troca de saberes e no reconhecimento da ancestralidade, onde o conhecimento se construirá a partir das experiências individuais e coletivas. Os temas trabalhados incluirão o racismo estrutural e a importância da palavra como ferramenta de transformação social. As atividades serão conduzidas com base em músicas, poesias e textos de autoria negra, além de momentos de criação livre de poemas e textos autorais”. 

O percurso do poeta pelo país africano – que mantém fortes relações diplomáticas com o Brasil –, encerra no dia 11 de dezembro. O resultado dessa imersão afrodiaspórica será contado em um documentário que será exibido em três regiões identitárias da Bahia: Portal do Sertão, Região Sisaleira e o Litoral Norte e Agreste Baiano, além de servir de inspiração para o terceiro livro de Atanael.

“Toda essa agitação cultural e o intercâmbio vai contribuir para a escrita do meu próximo livro e reforçará a potência das palavras na construção de futuros possíveis, evidenciando que resistir também é criar, lembrar e contar as próprias histórias. O projeto, portanto, não apenas cumprirá um papel formativo, mas também político e cultural, ao reafirmar a importância da escuta, da memória e da criação como práticas pedagógicas essenciais para uma educação verdadeiramente antirracista”. 

O projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral: o mais próximo de casa” tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia através do edital Mobilidade Cultural 2025. Parcerias: Flotar Plataforma, OMI Plataforma, Mercado das Indústrias Culturais e Criativas de Moçambique, Instituto Guimarães Rosa – Embaixada do Brasil em Moçambique, no marco do cinquentenário das relações diplomáticas entre os países.


SERVIÇO

Afropoetizando – Mar Ancestral – Atanael Barros

Quando: 01/12 a 11/12

Onde: Maputo, Moçambique


SOBRE ATANAEL BARROS


Natural de Água Fria, Bahia, o escritor Atanael Barros tem 25 anos e escreve desde os 14. Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), estreou em 2021 com “As Criações Poéticas de Um Jovem Aguafriense”, obra literária que foi a primeira impressa de sua cidade natal. Em março de 2025, lançou seu segundo trabalho “Preto da Realeza: Caminhos Poéticos para a Ancestralidade, pela editora Ogum’s Toques Negros. que reúne poesias autorais e histórias que refletem sobre os impactos da existência do seu corpo negro na sociedade. Em novembro deste ano, o escritor recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Alagoinhas, através do mandato da vereadora Juci Cardoso, como reconhecimento por sua atuação em prol da comunidade.