Repórteres e fotógrafos que acompanhavam a campanha do candidato a prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) receberam ameaças de traficantes armados na Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte, na manhã deste sábado. A abordagem ocorreu depois que um grupo, formado por repórteres e fotógrafos dos jornais "O Globo", "Jornal do Brasil" e "O Dia", distanciou-se do senador.
Os profissionais fotografavam o candidato cumprimentando moradores em uma praça da favela quando três homens cobriram os rostos e começaram a dizer que não era para fotografar. O senador os ignorou e seguiu a caminhada.
Um dos homens aproximou-se dos jornalistas e mandou que eles apagassem as imagens feitas no local. Um assessor do candidato que estava com o grupo tentou argumentar que o objetivo não era denunciar ninguém, mas logo chegou uma moto com outros dois homens, um deles armado com um fuzil.
Ameaçados, os jornalistas apagaram as imagens. Liberados pelos bandidos, voltaram a se unir a Crivella, que, sem perceber a abordagem, continuara a caminhada pela favela. Ao ser informado do ocorrido, o candidato decidiu encerrar a caminhada. A pedido dos jornalistas, ele aguardou a chegada dos carros da imprensa antes de deixar a favela.
"Eu fui caminhando e conversando com as pessoas, quando o repórter veio me dizer que teve de esvaziar a máquina [fotográfica]. Eu não percebi, mas achei revoltante. Isso ofende a nossa dignidade. O direito de ir e vir hoje no Rio não é respeitado", disse Crivella. Segundo o candidato, é necessário "pedir autorização" para "entrar em determinados lugares" da cidade. "Eu subo em todas as comunidades, procuro entrar em todas", disse.
Crivella relatou ainda o susto que passou há oito meses, quando numa visita à mesma Vila Cruzeiro um homem na garupa de uma moto veio em sua direção com um fuzil na mão. "Ele veio de longe e sempre na minha direção. Graças a Deus, uns 20 metros antes tomou outro rumo e desapareceu."
A Vila Cruzeiro faz parte do Complexo da Penha --endereço de 130 mil pessoas de dez comunidades-, que faz divisa com o Complexo do Alemão. Neste ano, já houve mais de 70 mortes em confrontos com a polícia na região.