Com informações do Estadão
Tasso Franco , da redação em Salvador |
23/12/2025 às 11:08
FT e a propaganda polizada
Foto: Times BR
Segundo o Estadão, as ações da Alpargatas (ALPA4) operam em alta nesta terça-feira (23), após um pregão turbulento na véspera, quando o mercado reagiu à polêmica envolvendo a Havaianas, principal marca do grupo. Na abertura de hoje, os papéis avançam 1,05%, cotados a R$ 11,56, por volta das 10h01, em um movimento que reflete a repercussão negativa do episódio ocorrido ontem (22).
Na segunda-feira (22), a Alpargatas perdeu 2,39% na B3 e encerrou o dia a R$ 11,44, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. A desvalorização representou uma perda aproximada de R$ 152 milhões em valor de mercado em apenas uma sessão. Durante o pregão, a pressão foi ainda maior: os papéis chegaram a tocar a mínima de R$ 11,26, quando a queda alcançou 3,92%.
O estopim para o movimento foi uma controvérsia política em torno da nova campanha publicitária da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres.
No vídeo, a artista, teoricamente, subverte a expressão popular “pé direito” e deseja que as pessoas comecem 2026 com “os dois pés” – “na porta, na estrada, na jaca, onde você quiser”.
Em tom descontraído, ela afirma: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: a sorte não depende de você”.
A peça publicitária rapidamente ganhou contornos políticos. Parlamentares e influenciadores ligados à direita passaram a criticar o conteúdo e estimularam um boicote à marca nas redes sociais. Em um dos episódios mais repercutidos, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que deixaria de usar Havaianas, apesar de considerar o produto um “símbolo nacional”, e publicou um vídeo jogando os chinelos no lixo.
Outros nomes do mesmo campo ideológico seguiram a mesma linha. A deputada Bia Kicis (PL-DF) declarou que, se a marca “não os quer”, eles também não querem as Havaianas. Já o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) escreveu que não compra “de quem nos ataca”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) fez um trocadilho com o slogan da empresa ao sugerir que “nem todo mundo agora vai usar” Havaianas.