Saúde

GINECOLOGISTA BAIANO APRESENTA PESQUISA SOBRE GRAVIDEZ EM BARCELONA

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| 19/07/2008 às 13:20
  Uma pesquisa inédita sobre gravidez na perimenopausa através da doação de óvulos (óocitos), realizada pelo ginecologista e especialista em Reprodução Humana baiano, Joaquim Lopes, foi apresentada no 24º Meeting Anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE 2008), que aconteceu na semana passada, em Barcelona.

  O estudo, realizado ao longo de 11 anos, envolveu 161 doadoras voluntárias de óvulos com idade entre 18 e 36 anos e 160 receptoras com idade até 51 anos e boa saúde. A taxa de gravidez entre as receptoras ficou em 39.3%.

 

  O desenvolvimento da pílula anticoncepcional, criada no final da década de 50 nos EUA, gerou uma verdadeira revolução de costumes no ocidente, ao separar sexo de gravidez e permitir que a mulher escolhesse o momento mais adequado para ter filhos.
Dos anos 60 para cá, a realidade feminina mudou completamente. As mulheres passaram a priorizar sua formação profissional e a disputar o mercado de trabalho. Atualmente, é comum muitas mulheres optarem por ter filhos depois dos 35 anos, fase em que a fertilidade já está em declínio.  


FERTILIZAÇÃO IN VITRO


   No Brasil e em vários outros países do mundo, a procura por fertilização in vitro usando óvulos doados por mulheres mais jovens está crescendo entre as mulheres na chamada perimenopausa (fase de transição que marca o fim da vida reprodutiva feminina). A técnica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, que estabelece que a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial e os doadores não podem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. A doação entre familiares também não é permitida.


   Além da infertilidade decorrente da idade, há outros casos em que pode ser indicado o uso de óvulos de doadora mais jovem, como na menopausa precoce, ausência de ovários por retirada cirúrgica ou causa congênita, doenças genéticas transmissíveis e sucessivas falhas em tratamentos de fertilização in vitro. Em geral, são mulheres acima de 40 anos, com pequenas chances de engravidar.
 
  "Com os óvulos doados por mulheres mais jovens, elas passam a ter as chances de gravidez em torno de 40%, em uma primeira tentativa de transferência de embriões", revela o especialista Joaquim Lopes, responsável pela pesquisa. Hoje, até a mulher que já deixou de menstruar, ou seja já entrou na menopausa, pode ter um filho, desde que ela ainda possua idade e condição orgânica que permitam uma gravidez saudável e aceite a doação espontânea de óvulos feita por uma mulher mais jovem. 

  
    A doadora é sempre uma mulher mais jovem, também infértil, com capacidade de produzir uma grande quantidade de óvulos e que ao submeter-se a fertilização in vitro aceita, altruísticamente, doar parte dos seus óvulos excedentes.

 

        Na doação de óvulos, a doadora passa por um processo de indução da ovulação através de injeções de hormônio para estimular o ovário. A retirada é feita com uma agulha pela vagina sob sedação. Além de vários exames laboratoriais que comprovam sua saúde, é feito um levantamento das características fenotípicas das doadoras (cor da pele, dos olhos, peso e altura), tipo sangüíneo, exames genéticos para doenças hereditárias, investigação das doenças que já teve e teste negativo para doenças infecciosas sexualmente transmissíveis (hepatite, sífilis, Aids etc).  A seleção de doadoras leva em consideração as semelhanças físicas, imunológicas e tipagem sanguínea compatível com a receptora.


        A receptora também é tratada com hormônios que preparam o endométrio para receber os embriões. O processo é geralmente feito através da tradicional fertilização in vitro ou da injeção intra-citoplasmática de esperma. Doadoras e receptoras devem passar por um aconselhamento psicológico.