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Apesar dos avanços na tecnologia da contracepção e da saúde reprodutiva e sexual e do declínio, nos últimos anos, da taxa de fertilidade (estimativa do numero médio de filhos que uma mulher teria até o final de seu período reprodutivo nos últimos anos), a gravidez na adolescência ainda é um problema que preocupa muito a sociedade e, em especial, aos ginecologistas.
Segundo a médica Mônica Néri, "a gravidez na adolescência é uma problemática complexa com conseqüências em várias esferas da vida mulher". O assunto foi apresentado numa sessão especial sobre Adolescência durante o Simpósio Mundial e V Congresso Brasileiro de Ginecologia Endócrina que acontece no Pestana Bahia Hotel até hoje (21).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a designação de gravidez na adolescência vale para a faixa etária entre 10 e 19 anos. Até os 16, a concepção é considerada de alto risco. "Nos últimos anos, houve a incorporação do pai no cenário da gravidez e por isso hoje existe o questionamento: se apenas o pai for adolescente mantém-se a designação gravidez na adolescência?", aponta Mônica Néri.
AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES
A liberação sexual cada vez maior, o uso inadequado de métodos contraceptivos, a dificuldade de acesso a esses métodos, a vida sexual não-autorizada pelos pais, a ausência de informação sobre o ciclo reprodutivo e a vida sexual ocasional são algumas das frequentes causas de gravidez não programadas entre as mulheres mais jovens. "Para contornar o problema, é preciso investir em educação sexual, que deve abordar programas preventivos e deve começar em casa, continuar na escola, ser apoiada pelo discurso oficial e por programas eficazes de planejamento familiar", defende a médica.
Entre os riscos da gravidez na adolescência estão o baixo peso, a prematuridade e os atrasos no desenvolvimento neuro-psico-motores do bebê, além das hemorragias e infecções na mãe. Além disso, as intercorrências pré-natais, intra-partos, pós-parto e perinatais, além de pré-eclâmpsia, entre outros, são comuns nessa faixa etária.
De acordo com a ginecologista Márcia Gomes, em decorrência da gravidez não-planejada, é comum que o adolescente abandone a escola, o emprego, os sonhos e planos de vida. "Além disso, há uma grande pressão dos pais, professores, colegas e amigos, o que faz com que sua auto-estima fique intensamente abalada. Acredito que também seja papel do ginecologista influenciar na retomada da auto-estima da adolescente através de uma abordagem mais humana" , aponta a médica. Entre os adolescentes com maior poder aquisitivo, o número dos que completam os estudos e retomam seus projetos de vida é maior.