O Brasil tem 42 centros para transplantes de medula óssea entre familiares e oito para transplantes com doadores não-aparentados (Instituto Nacional do Câncer, Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo, Hospital de Clínicas da UFPR, Universidade de Campinas, UFRGS, Hospital Amaral Carvalho - Jaú/SP, Hospital Real Português - Recife/PE, e Hospital Albert Einstein, na capital paulista), infelizmente a Bahia não figura na lista.
O médico Ronald Sérgio Pelotta, hematologista e transplantador de medula óssea, afirmou durante a palestra que fez na sessão especial realizada pela Câmara Municipal, na quinta-feira, 16 que a causa disso é a política de governo para o setor.
A Bahia, por meio do Hospital Português, realizava de três a cinco transplantes de medula óssea por mês, o governo estadual entendeu que deveria transferir o serviço para o Hospital Universitário (Hospital das Clínicas).
"Como a nova proposta não decolou, os transplantes pararam", disse Ronald Pelotta. Ele foi o palestrante do evento da Câmara, que comemorou A Semana de Incentivo à Doação de Medula Óssea", de autoria do vereador Odiosvaldo Vigas (PDT), ouvidor-geral do Poder Legislativo.
O que a população pode fazer para ajudar os pacientes? Esta é a pergunta que se coloca, disse o vereador Odiosvaldo, lembrando que o objetivo da sessão especial era esclarecer os procedimentos para a realização do transplante e aumentar o número de doadores.
Todo mundo pode ajudar. Para isso é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde. Para se cadastrar, o candidato a doador deverá procurar o hemocentro mais próximo de sua casa, onde será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador). Os dados do doador são inseridos no cadastro do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação.
SEGURO PROCEDIMETO
O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas, disse Ronald Pelotta.
Cavidade dos ossos
Didaticamente, Ronald Pelotta explicou que a medula óssea é uma substância parecida com gelatina nas cavidades dos ossos que contém células tronco hematopoiéticas (formadoras de sangue), geralmente chamadas simplesmente de "células tronco". Essas células são fundamentais para a vida porque produzem continuamente células sanguíneas vermelhas que transportam oxigênio; células sanguíneas brancas que ajudam a combater infecções, e plaquetas que agem como coagulantes para interromper sangramentos.
""Os transplantes de medula óssea ajudam a curar doenças que interferem na produção de qualquer um desses tipos de células. Essas doenças incluem leucemia, doença de Hodgkin e outros linfomas (cânceres do sistema linfático). Para pessoas com leucemia mielógena, uma forma comum de leucemia, células brancas anormais enchem a medula óssea, entram na corrente sanguínea, e podem invadir outros órgãos e tecidos", disse.
Transplantes de medula óssea também podem ajudar pacientes com condições não-cancerígenas caracterizadas pela deficiência na produção de células sangüíneas, como anemia aplástica e desordens hereditárias no sistema imunológico.
Ronald Pelotta disse que é importante atuar sobre os fatores de risco. "O uso da camisinha é fundamental não só para se prevenir contra a aids como também contra outras doenças; deixar o fumo ajuda a si próprio e as outras pessoas; e deve-se ter uma alimentação mais saudável", aconselhou.
A experiência de Elian
Elian Chaves, presidente da Associação dos Transplantados de Medula Óssea, falou sobre a sua experiência, segundo ele a mais importante em sua vida. Há 24 anos tratavase de leucemia, quando em determinado momento o medicamento não surtia mais efeito. Procurou informações e chegou ao Dr. Ronald Pelotta, no Hospital Português. Lá, fez o transplante e hoje vive normalmente. "Tenho muito a agradecer a Deus. Muito a agradecer ao Dr. Ronald e a todos que me ajudaram", enfatizou, emocionado.
Além do vereador Odiosvaldo, do médico Ronald Pelotta, e de Elian Chaves, também integraram a mesa Silvoney Sales, representando o secretário Municipal de Saúde; Selma Gomes de Souza, representando Neemias Reis, presidente do Previs (antigo IPS); e Francisco Assis, representando o secretário Municipal de Educação. O vereador Edson da União (PMN) também prestigiou a sessão especial, que contou com a presença dezenas de transplantados de medula óssea e outras pessoas interessadas no assunto.