Saúde

SALVADOR SEDIA SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CÂNCER DE PULMÃO

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| 09/08/2009 às 14:12
A cada 30 segundos morre uma pessoa de câncer no mundo. Acabou de morrer mais uma.
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  (Por Carolina Campos)

Mais comum de todos os tumores malignos, o câncer de pulmão apresenta um aumento por ano de 2% na sua incidência mundial. Segundo estimativa do INCA, no Brasil, mais de 27 mil casos novos de câncer de pulmão são diagnosticados por ano. Trata-se da primeira causa de morte por câncer em homens e a segunda em mulheres no país. No final do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis.

Apesar de ser considerada evitável, a doença é responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes por ano no  mundo e, sua incidência, ao contrário de outros tipos de câncer, tem crescido em todo planeta. Para apresentar os mais recentes avanços da medicina na área, Salvador vai sediar o II Simpósio Internacional Pós Mundial de Câncer de Pulmão, nos próximos dias 28 e 29 de agosto, no Hotel Mercure, no Rio Vermelho.
 
O Simpósio, que vai reunir cientistas e especialistas de renome  internacional, é promovido pelo Núcleo de Oncologia da Bahia e coordenado pelas oncologistas Gildete Lessa e Clarissa Mathias. Informações pelos telefones (71) 2107-9682 ou (71) 2107-9683 ou no site http://www.st-eventos.com.br/


O evento, que deve reunir cerca de 300 participantes, é dirigido a médicos pneumologistas, oncologistas, clínicos, cirurgiões e radioterapeutas.  Os temas mais recentes da área, que foram abordados na 13ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão, em São Francisco (EUA), no início de agosto, serão apresentados com um enfoque mundial durante o evento na capital baiana. Dentre os conferencistas internacionais, vão estar o oncologista clínico Natasha Leighl (Canadá), o radioterapeuta Andrew Turrisi (EUA) e o cirurgião Thomas D'Amico (EUA).


A cada 30 segundos, morre uma pessoa, no mundo, vítima da doença, e, no Brasil, cerca de 15 mil pessoas morrem por ano em decorrência desse tipo de tumor. Apesar da elevada taxa de mortalidade, 80% dos casos diagnosticados em estágio inicial conseguem obter cura graças aos avanços da tecnologia e dos tratamentos. Segundo a oncologista Clarissa Mathias, nos países mais desenvolvidos a incidência cresce, mas a mortalidade diminui, mas no Brasil a incidência e a letalidade crescem a cada ano. "É preciso garantir que a população tenha acesso à informação sobre prevenção, ao diagnóstico precoce e aos tratamentos mais eficazes em tempo hábil", explica a médica Clarissa Mathias.


Do diagnóstico ao
tratamento: avanços


      Os recentes avanços no tratamento dos tumores de pulmão visam não apenas o prolongamento do tempo de vida do paciente, mas, principalmente, sua qualidade de vida. Resultados positivos dos estudos sobre tratamentos de manutenção com quimioterapia e terapia alvo-dirigida foram apresentados no último Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), comprovando o aumento da sobrevida dos pacientes submetidos a tratamentos com algumas drogas, principalmente, no caso das terapias combinadas.


        A cirurgia oncológica minimamente invasiva, menos agressiva e de recuperação mais rápida, é também um dos avanços nos tratamentos do câncer de pulmão. A cirurgia é indicada para retirada parcial do pulmão nos casos mais precoces da doença.


       Na área de diagnóstico por imagem, o PET-CT, um novo equipamento de última geração na área da oncologia, permite identificar precocemente alterações celulares, lesões tumorais mínimas ou novos focos da doença, assim como a localização e a sua forma. A tecnologia também possibilita avaliar a progressão da doença, a monitoração da recorrência e a resposta do paciente ao tratamento. O exame é simples, não-invasivo e preciso.


      A terapia molecular alvo-dirigida é uma das inovações no tratamento sistêmico da doença, que deverá trazer mais benefícios aos pacientes graças a sua maior especificidade e menor toxicidade.


      Novos critérios para diagnosticar o estágio da doença e definir o tratamento mais indicado (cirurgia, quimioterapia, radioterapia e tratamentos combinados) podem aumentar a sobrevida do paciente e garantir um tratamento menos agressivo, com menos efeitos colaterais e, portanto, preservando a qualidade de vida. 


   Dentre os avanços na área, também estão as novas drogas que tornaram a quimioterapia mais eficaz (o tratamento quimioterápico não apresentava resultados satisfatórios em casos de tumores malignos no pulmão, mas, atualmente, a cirurgia combinada com a quimioterapia aumenta a sobrevida). A radioterapia com aparelhos de ponta que permitem focar a radiação mais nos tumores, evitando atingir tecidos sadios; combinações de drogas com maior tolerância.


    Tratamentos individualizados:
    aumento da sobrevida


A análise do tipo de tumor (histologia) é fundamental para que o médico possa determinar os medicamentos adequados para cada paciente. A individualização do tratamento pode representar aumentos significativos da sobrevida global.


A individualização do tratamento contra o câncer é a tendência da oncologia em todo mundo. O tratamento oncológico individualizado completo é fundamental. "É o futuro da oncologia, o tratamento não pode ser padronizado.

Conhecer o perfil genético do tumor ajuda a escolher o melhor tratamento para cada caso, identificar o risco de recorrência e aplicar a droga certa no momento mais adequado, evitando efeitos colaterais, muitas vezes, pelo uso de drogas que não vão ajudar no caso daquele paciente e ainda vão acarretar um custo bem maior do tratamento", explica a oncologista Clarissa Mathias.


Através de testes moleculares é possível que os oncologistas possam escolher qual o melhor caminho para o tratamento de cada paciente, possibilitando um programa individualizado. A análise do tipo celular do tumor, do estágio da doença e das condições do paciente são fundamentais para o médico selecionar qual tratamento será o mais indicado.


        
 Tabagismo: principal causa


       Responsável por mais de 50 doenças,
o tabagismo é o principal fator de risco do câncer de pulmão, sendo que 90% dos casos do tumor acomete fumantes  (dos 10% restantes, 1/3 corresponde a fumantes passivos). Os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolverem câncer de pulmão. Os fumantes passivos também têm 30% mais chances de desenvolverem a doença.

      Considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo atinge 16% dos brasileiros, de acordo com pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) - um levantamento completo feito, em 2007, pelo Ministério da Saúde. A boa notícia é que o número de fumantes caiu de 20 % em 2003 para 16% em 2007.


     A fumaça do cigarro contém mais de 4.500 substâncias tóxicas, sendo que cerca de 80 delas são cancerígenas (mitroso nornicotina, monóxido de carbono, acroleína, benzeno, tolueno, cresol, fenol, cloreto de vinila, benzoantraceno, benzopireno).
A fumaça entra pelos brônquios e se espalha no pulmão atingindo os alvéolos, onde se instala, devastando-os. 

   Quanto mais se fuma, o pulmão, um dos poucos órgãos internos que têm contato direto com o exterior, deixa de ter seu tom rosado e passa a ter um aspecto totalmente negro. Mesmo deixando o vício, os ex-fumantes apresentam um risco maior de desenvolverem um câncer pulmonar que a média das pessoas. Embora ocorra mais em homens, o número de casos em mulheres está crescendo enquanto que o número de casos em homens está caindo.

   
         No início do século passado, quando o consumo do cigarro ainda não tinha se disseminado o câncer de pulmão era uma doença rara.  Com o surgimento e crescimento da indústria do tabaco, a doença passou a ser um dos grandes vilões da saúde de fumantes ativos e passivos.


           Agentes químicos encontrados principalmente em ambientes ocupacionais (como o cloreto de vinila, arsênico, cromo, radônio, níquel e cádmio), DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar da doença também podem estar associados ao tumor pulmonar.


           
O combate ao tabagismo é fundamental para se evitar a doença. Os números são alarmantes e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população mundial adulta fuma: ou seja há 1 bilhão e 200 milhões de fumantes no planeta. O tabagismo ativo é considerado pela OMS a principal causa de morte evitável no mundo e o fumo passivo é a terceira. No Brasil, segundo dados do INCA, 200 mil mortes anuais são causadas pelo fumo.    


        Fumante passivo


    De acordo com o estudo "Mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população brasileira", realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) em parceria com o Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ e divulgado em 2008, a cada dia, ao menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco. São os indivíduos que não fumam, mas estão expostos à fumaça de cigarros de parentes, amigos ou colegas de trabalho. O estudo revela que de cada 1000 mortes por câncer de pulmão, 7 são atribuídas ao fumo passivo.


        Tipos de câncer de pulmão


    O câncer de pulmão, agressivo
e letal, é o mais comum dos tumores malignos e apresenta uma elevada mortalidade. De todos os tipos de tumor, o pulmonar é o mais diagnosticado no mundo. Tosse persistente, rouquidão, sangramento pela via respiratória, pneumonias de repetição, respiração curta e dor torácica ao respirar profundamente são alguns dos sintomas da doença, que em grande parte dos  casos é silenciosa e só se manifesta quando já está no estágio avançado.


          São dois os tipos de câncer de pulmão:  não pequenas células e pequenas células. Os tumores de não pequenas células equivalem a 80% de todos os casos e incluem o adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas (epidermóide) e o carcinoma de grandes células. Sua disseminação para outros órgãos, geralmente, é lenta e, em estágios iniciais, pode ser difícil sua detecção.


          O adenocarcinoma pulmonar está diretamente associado ao vício do tabagismo.  Para compensar os cigarros com filtros e baixos teores de nicotina, inalam mais fumaça e junto vão as substâncias cancerígenas, elevando, ao invés de reduzir, as possibilidades de desenvolver um tumor pulmonar.


        Ao contrário, os cânceres de pequenas células, que representam 20% dos casos de câncer de pulmão, se disseminam com rapidez e se espalham para outros órgãos.


        Sintomas


Vários sintomas podem indicar a doença, no entanto, muitas vezes, esses sintomas só se manifestam quando a doença já está em fase avançada.

  • Tosse persistente ou que vem piorando
  • Dor no peito persistente
  • Dispnéia (falta de ar)
  • Encurtamento da respiração
  • Pneumonias de repetição
  • Perda de fôlego, chiado ou rouquidão
  • Pneumonia ou bronquite recorrente
  • Inchaço em face e pescoço
  • Perda do apetite ou perda de peso
  • Escarro com sangue
  • Cansaço e mal estar           

     Prevenção

Parar de fumar é a principal e mais eficaz prevenção contra o câncer de pulmão. Para quem fuma há mais de 10 anos a recomendação é realizar o Raio X de tórax uma vez por ano como medida de prevenção secundária, que permite o diagnóstico precoce e, consequentemente, a chance de cura.