Na próxima semana, entre os dias 14 e 17 de julho, Salvador vai sediar um dos maiores eventos de saúde América do Sul: o Hepatologia do Milênio. Realizado anualmente em Salvador, o evento de Educação Médica Continuada abriga o XIII Simpósio Internacional de Terapêutica em Hepatites Virais e a I Reunião Monotemática sobre o Manejo da Cirrose Hepática. Promovido pela Sociedade Brasileira de Hepatologia, o congresso se trata de um evento continental que envolve hepatologistas, infectologistas e clínicos de todos os estados brasileiros, bem como médicos de diversos outros países.

Na sua 13ª edição, o Hepatologia do Milênio acontecerá no Bahia Othon Palace Hotel e terá uma programação rica em palestras, mesas redondas, conferências, simpósios, debates e apresentações de casos clínicos. As inscrições foram realizadas até o dia 19 de junho através do site http://www.hepatologiadomilenio.com.br/ e a partir de agora só poderão ser efetuadas no dia 14 de julho, no local do evento. Até o momento, o congresso já contabiliza 400 profissionais pré-inscritos.

Tendo como base a atualização dos temas mais relevantes dentro da hepatologia com ênfase no tratamento das Hepatites Virais B, C e D, o Hepatologia do Milênio também se utiliza da prática da problematização, que consiste na discussão de casos clínicos complexos. A problematização oferece a possibilidade de trazer para a prática clínica a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos nesta área. Os casos clínicos mais complexos, previamente selecionados pela Comissão Organizadora, são apresentados e discutidos com especialistas brasileiros e de outros países. Posteriormente, as condutas são decididas pela plateia através de votação eletrônica.

Cirrose Hepática

Este ano, o Hepatologia do Milênio terá também a responsabilidade de abrigar o I Encontro Monotemático sobre Manejo da Cirrose Hepática da Sociedade Brasileira de Hepatologia, que acontecerá no dia 14 de julho e se configura como um dos momentos mais importantes do evento. A cirrose hepática é o estágio final da agressão ao fígado causada por qualquer agente, desde que seja uma agressão persistente. Como o fígado é um órgão silencioso, habitualmente quando agredido tolera sem expressar sintomas. Se a agressão ao fígado persistir por pelo menos duas ou três décadas, o órgão pode responder alterando a sua arquitetura, levando à insuficiência hepática e todas as suas complicações.

Sendo assim, o paciente cirrótico necessita de cuidados especializados por apresentar muitas vezes alterações em outros órgãos como coração (cardiomiopatia do cirrótico), pulmão (síndrome hepatopulmonar), rins (síndrome hepatorrenal) e cérebro (encefalopatia hepática). Quando o paciente alcança tal estágio, é encaminhado para a lista de transplante de fígado. Para o Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Dr. Raymundo Paraná, um dos grandes problemas é o tempo que os pacientes levam na fila de espera por órgãos. "No Brasil e mais particularmente na Bahia, os pacientes que são incluídos na lista de transplantes costumam demorar mais tempo para receber um órgão do que em outros países, em função da carência de doadores", afirma Paraná. "Na ausência de profissionais habilitados ou de centros de referência em doenças hepáticas e transplantes, existem grandes dificuldades em controlar as complicações da doença e há risco de morte", conclui o presidente.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Hepatologia busca capacitar ao máximo os profissionais da linha de frente dos Centros Públicos de Saúde do Brasil, no sentido de manejar a delicada cirrose hepática. Para Dr. Paraná, a grande carência de médicos hepatologistas no Brasil é um fator preponderante na problemática. "Por conta desta carência, médicos Gastroenterologistas, Infectologistas e Clínicos acabam assumindo a tarefa do Hepatologista. Contudo, a cirrose hepática e as suas complicações encontram-se fora do leque de habilidades desses profissionais", diz Paraná. Por conta deste problema, existe grande dificuldade no acompanhamento dos pacientes portadores de cirrose hepática em diversos estados e na imensa maioria dos municípios brasileiros.

Novos medicamentos no tratamento das hepatites

Já nos dias 15 e 16 de julho, o Hepatologia do Milênio será dedicado ao XIII Simpósio Internacional de Terapêutica em Hepatite Viral. Durante o simpósio serão discutidos os mais recentes avanços no tratamento das hepatites B, C e D, incluindo os novos medicamentos que devem chegar ao mercado no próximo ano para o tratamento da hepatite C. "O Telaprevir e o Boceprevir são medicamentos da classe dos inibidores de protease, cujos resultados dos estudos de fase III, última etapa antes da aprovação para venda, têm sido bastante animadores, elevando em até três vezes a chance de cura da hepatite C em pacientes difíceis de curar com o tratamento que já existe hoje em dia", afirma confiante o Dr Raymundo Paraná.

Além dos aspectos dos novos tratamentos, será discutida a otimização do tratamento atual através de medidas que devem corrigir fatores que se contrapõem ao sucesso do tratamento, antes mesmo do seu início. Atualmente, é de conhecimento dos especialistas em hepatologia que os melhores resultados nos tratamentos são obtidos entre os pacientes em que há a oportunidade de corrigir certos fatores antes mesmo do início do tratamento. Isso acontece, por exemplo, nos casos de obesidade, diabetes, resistência a insulina e depressão, que interferem na chance de resposta terapêutica. Além disso, outro ponto preponderante para o sucesso do tratamento é a informação. Um recente estudo francês indicou que os pacientes que são bem informados quanto aos efeitos colaterais dos medicamentos têm menor chance de interromper o tratamento, alcançando, portanto, maior chance de cura.

Durante o Simpósio, estarão presentes 40 convidados nacionais de diversos centros de referência em hepatologia do Brasil, além de conferencistas de países como França, Turquia, Alemanha, Estados Unidos e Espanha. A programação completa do Hepatologia do Milênio está disponível no site http://www.hepatologiadomilenio.com.br/