Hospital é o segundo particular em Salvador a realizar procedimento através da rede suplementar e o terceiro na Bahia
Ascom Cardio , Salvador |
09/11/2020 às 20:01
Nefrologista Carolina Neves
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Na Bahia, existem aproximadamente oito mil pacientes portadores de doença renal crônica em diálise. Destes, 10% estão na fila de espera para um transplante renal, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Estimando que 15% dos pacientes em diálise tenham saúde suplementar e que 40% seriam elegíveis para o transplante renal, cerca de 360 pacientes por ano poderiam realizar transplante renal na Bahia, através de seu convênio.
Para reforçar o atendimento diante da alta demanda, o Hospital Cárdio Pulmonar passa a oferecer este mês o serviço de transplante renal. A unidade se tornou um centro habilitado e autorizado pelo Ministério da Saúde (MS) para realizar o transplante com doadores vivos ou falecidos, obedecendo a todos os critérios do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) após um demorado processo de avaliação e credenciamento realizado pelo MS.
Após também uma rigorosa avaliação, o Hospital Cárdio Pulmonar acabou de renovar a certificação da Joint Commission International (JCI). O HCP foi o primeiro hospital da Bahia acreditado pela JCI há três anos e continua sendo o único no estado com a chancela da instituição, que é líder mundial em acreditação na área da saúde. Isso também se traduz num diferencial para a implantação do serviço de transplante, como avalia a nefrologista Carolina Neves, coordenadora do serviço de transplante do HCP.
“Dentro da nossa proposta do cuidado integral do paciente renal, vamos dar um novo caminho de tratamento. Isso vai contribuir com a sociedade baiana e com a medicina local, já que na Bahia apenas mais dois hospitais realizam o procedimento na rede particular – um em Salvador e outro em Feira de Santana - e os hospitais Ana Nery, Roberto Santos e Pedro Alcântara (também em Feira de Santana) fazem pelo SUS", explica Carolina Neves.
No Brasil, há cerca de 133 mil pacientes com Doença Renal Crônica realizando diálise, sendo quase 8mil na Bahia, segundo dados do Censo Brasileiro de Diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Cerca de 80% desses pacientes encontram-se na faixa etária de 20 a 74 anos e, em média, 30% deles seriam elegíveis para o transplante renal (dados da SBN).
“O transplante renal é considerado a melhor terapia renal substitutiva para o paciente portador de Doença Renal Crônica em estágio avançado, por garantir a melhor sobrevida e qualidade de vida”, explica a nefrologista. A sobrevida do paciente e do rim transplantado no Brasil nos últimos 10 anos é de 91% e 77% com rim de doador vivo, e de 84% e 60% com rim de doador falecido, respectivamente, segundo levantamento da ABTO.
Pacientes elegíveis
A avaliação dos pacientes para o transplante renal é feita pela equipe responsável e passa por alguns critérios. Estão entre os indicados para a avaliação:
• Portadores de Doença Renal Crônica (DRC) em diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal), maiores de 16 anos, que sejam elegíveis para a fila de doador falecido e/ou possuam doador vivo para transplante renal intervivos.
• Pacientes portadores de DRC avançada em tratamento conservador, que apresentem doador vivo para o transplante renal preemptivo intervivos.
• Pacientes portadores de Nefropatia Diabética ou menores de 18 anos, sem doador vivo, mas elegíveis para o transplante renal com doador falecido preemptivo.
Posição da Bahia
De 2010 para 2019 houve um crescimento das notificações de potenciais doadores no Brasil de 36,6pmp (paciente por milhão da população) para 54,7pmp, gerando um crescimento de doadores efetivos de múltiplos órgãos de 9,9pmp para 18,1pmp, como mostra o Registro Brasileiro de Transplantes. Isto se traduziu num aumento de transplantes renais de 24,4pmp para 30,1pmp, no entanto a necessidade estimada para uma população de 208,5 milhões de brasileiros, de acordo com o IBGE, seria de aproximadamente 60pmp.
Segundo a Registro Brasileira de Transplantes, a Bahia encontra-se na 18ª posição na relação de notificação de doadores de múltiplos órgãos (38,8 pmp), na 15ª posição de doadores efetivos (10,7pmp) e ocupa a 8ª posição, em número absoluto de transplantes renais no Brasil, caindo para a 13ª posição quando se leva em consideração o número de transplantes renais por milhão de habitantes (20,3 transplantes pmp).