Turismo

A DIFICIL MISSÃO de trazer turistas estrangeiros para a Bahia (TF)

A valorização do dólar e do real sobre o real ajuda, mas os preços dos produtos no Brasil ainda são caros
Tasso Franco , da redação em Salvador | 28/10/2015 às 10:16
Carolina Gonzales, guia espanhola que aprendeu português em Salvador
Foto: BJÁ
   Há uma expectativa de que o Brasil possa usufruir em termos de fluxo de turistas estrangeiros, de uma melhora na próxima temporada de verão diante das altas do dólar e do euro, e também que mais brasileiros viajem dentro do próximo país. 

   Na Bahia, o secretário de Turismo, Nelson Pelegrino, já comentou sobre esse tema e a Prefeitura de Salvador incrementa o revéillon e o Carnaval como chamarizes. Mas isso é pouco ou quase nada diante do turismo profissional. É preciso uma ação mais coordenada com as operadoras, as agências, campanhas, todo um processo.

   Estive recentemente na Europa Central e conversando com guias turísticos que atendem os brasileiros todos me disseram que houve uma queda entre 20% a 30%, na temporada atual, em relação ao picos dos brasis no continente europeu, 2013/2014. 

   A guia Carolina Gonzales, a qual coordena uma equipe de atendimento a brasileiros na Rota Romântica com a Special Tours, da Espanha, disse ao BJÁ que a situação é preocupante porque muita gente se preparou, estudou e aprendeu português para atender os brasileiros e o fluxo caiu bastante. Carolina, inclusive aprendeu português em Salvador, num curso localizado na Barra.

  "A sorte é que os guias, normalmente, falam três a quatro línguas e se não há turistas do Brasil como havia, existem de outros países, dos Estados Unidos, do Canadá, de outros paises da América Latina e da própria Europa".

   Nessa viagem nosso grupo foi atendido por 4 guias em localidades diferentes, sendo um brasileiro (Mauro Feola do site Conexão Berlim), um paulistano de Limeira, em Berlim; duas espanholas e uma tcheca (Anny, a qual fala portugês e aprendeu a lingua para atender os brasis). 

   Mauro Feola, por exemplo, trabalha as temporadas da primavera ao outono, em Berlim, só atendendo brasileiros e vem ao Brasil no verão. Além de ter um site (Conexão Berlim) faz parte de um grupo de brasileiros que edita publicações em português sobre a Alemanha e as vende aos grupos, cada uma delas a 8 euros.

   Feola confessa ao BJÁ que os brasileiros 'desapareceram' diante da crsie que atravessa o Brasil, "mas, ainda tem muitos que veem passear e conhecer a história de Berlim, uma cidade sempre com muitas atrações". O site conexão Berlim faz atendimentos personalidades a brasileiros na cidade incluindo transfer, sugestões de hotéis, etc. Acesse.

   Essa novidade, de publicações em português do Brasil (diferente do português de Portugal) era rarissima na Europa, ainda mais na Europa Central, mas, agora é encontrada em Praga, Viena, Budapest com certa facilidade. O normal eram as publicações de guias resumidos em inglês, espanhol, alemão e japonês. Agora, também, surgem publicações em chinês.

  COMO TRAZER OS ESTRANGEIROS

  A questão de trazer os turistas europeus (e de outros continentes) para o Brasil esbarra em alguns pontos deficitários do nosso país, especialmente a questão da violência urbana, que assusta demais qualquer europeu ou estrangeiro. Os japoneses, então, não pisam os pés acá.

  O estrangeiro, em principio, quer conforto, segurança, cultura e verão/praias. Tudo isso eles têm em abundância na Europa, em alguns países da Ásia e no Caribe. Se não há uma oferta diferenciada no plano cultural e do verão, não dá pedal.

   Essa história de que a moeda deles aqui é valorizada tem sentido relativo porque os preços dos produtos no Brasil são muito caros, desde os hotéis aos restaurantes, shows, etc. Ora, um almoço em Munique custa 10 euros (R$45,00) e em Salvador também 10 euros. A diferença é que v pode almoçar num restaurante com mesas na rua, sem ninguém lhe importunar, e em Salvador é importunado.

   Portanto, o caminho é longo e vale o esforço da Saltur e da Prefeitura em busca desses estrangeiros.

   DADOS RECENTES 

   Os brasileiros gastaram em viagens internacionais um total de US$ 1,677 bilhão em julho, uma queda de 30,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando os gastos com turismo no exterior tinham sido de US$ 2,408 bilhões.

   De janeiro a julho, essas despesas somaram US$ 11,617 bilhões, contra US$ 14,851 bilhões em igual período do ano passado, o que representa queda de 21,8%. 

  Os números são do Banco Central (BC) e foram divulgados recentemente.

   O recuo dos gastos de brasileiros no exterior deve-se ao dólar mais alto, que encarece as passagens e as diárias de hotéis calculadas em moeda estrangeira. Analistas do mercado financeiro projetam que o dólar encerrará este ano cotado a R$ 3,90.