Brasileiros cultuam o turismo de compras comerciais nas lojas e nos free-shops
Tasso Franco , da redação em Salvador |
29/10/2015 às 10:22
Sapatos sociais na Alemanha com preços nas alturas na faixa de R$900,00
Foto: BJÁ
As altas do dólar e do euro têm sido motivos de comentários da Setur e da Prefeitura de Salvador no sentido de trazer para a Bahia, especialmente sua capital, turistas estrangeiros da Europa e dos Estados Unidos, e também aproveitar para seduzir os brasileiros que vão para o exterior para que veham para a Bahia.
De fato, ficou mais caro para os brasis irem para o exterior, isso já está sendo sentido nos outlets de Miami e nos tours da Special e outras empresas que trabalham com brasileiros na Europa.
Mas, já disse aqui neste site que não é fácil trazer estrangeiros para a Bahia, considerada a terra mais violenta pelo Ministério da Justiça em homicidos, dados de 2014, onde esse item segurança tem um valor enorme para os estrangeiros.
Ademais, o Brasil vive um momento de crise, alguns hotéis estão redimensionando seus projetos (o Pestana de Salvador é um exemplo disso, podendo até virar flat), não há atrativos especiais nas cidades, salvo o centro histórico de Salvador e seu barroco, e as nossas praias são confinadas em resortes.
Numa cidade onde grupos de turistas são escoltados por PMs no seu Centro Histórico não precisa se dizer mais nada. É só imaginar se os milhares de turistas que percorrem o CH de Paris fossem escoltados ou se isso acontecesse em Barcelona. Daí que as missões da Setur e da PMS são dificeis, complicadas e persistentes.
BAHIA CARA
Outro fato preponderante é que a Bahia é cara. Salvador carissima. A cidade mais cara do Nordeste brasileiro com sua RMS. No último final de semana, um coco verde em Vilas do Atlântico, Lauro, estava sendo vendido a R$5,00 e um acarajé completo R$10,00. Um bife de tiras num restarante da Tancredo custa R$70,00. Uma garrafa de vinho espanhol na média R$90,00.
A pergunta que muita gente faz é, se mesmo com o dólar e o o euro nas alturas (a R$4,00 e R$4,50 por 1 real) ainda vale a pena passear em países da América Latina, na Europa e nos EUA?
Claro que vale porque lá os preços de alguns produtos básicos para os turistas são mais baratos do que na Bahia. O mais caro, hoje, são os voos, ainda que existam muitas promoções casadas com hotéis o que acabam compensando.
No mais, salvo alguns produtos, os preços se equivalem ou são mais baratos do que na Bahia, mesmo com o dólar turismo a R$4,00 e o euro turismo a R$4,50.
Recentemente estive na Europa Central, em 4 países - Alemanha, República Checa, Hungria e Áustria - que são considerados países caros, de poder aquisitivo alto, mas, ainda assim, com preços equivalentes aos praticados em Salvador.
Uma refeição básica em Berlim, Budapest, Praga ou Dresdem vale 10 euros (R$45,00). Se for num coma kilo 7 a 8 euros (R$30,00 a R$40,00). É o que se paga em qualquer restaruante de Salvador ou nas praças de alimentação dos shoppings.
Um hotel 3/4 estrelas nessas cidades tem diária na base entre 70/100 euros e há promoções para todos os gostos. Na Bahia, os hotéis preferem ficar com leitos ociosos, mas não fazem boas promoções, sequer para os nativos.
MANIA DE COMPRAR
Institui-se na cultura dos brasileiros o turismo de compras. Muita gente vai para o exterior com uma mala vazia só pra trazer compras. Até carrinhos de bebê e enxovais são mais baratos em Miami do que em qualquer loja de Salvador.
Os guias já sabem que os brasis gostam de comprar e vão dando dicas e mostrando mos lugares bons de compras com preços baixos.
Na Europa Central, quase todos os produtos de cama, mesa, roupas, sapatos, etc, são mais caros do que no Brasil. Um tênis que se compra em Salvador por R$300,00 em Munique não custa menos de R$450,00. Sapato, então, nem pensar. Um sapato social bico fino ou retangular que se compra na Bahia na faixa de R$300,00 na Alemanha custa R$900,00.
Mas os brasileiros caem matando em compras nos free-shops e nas lojas de perfumes, eletrônicos e cosméticos.
Os europeus e os norte-americanos não compram esses produtos na Bahia. Apreciam apenas alguns souvenirs e pedras preciosas ou alguma obra de arte, Tanto que há uma qeixa dos lojistas do pelourinho dando conta de que os turistas passam pelas lojas e não entram.
Diria, pois, que no trivial, fazer turismo na Europa e nos EUA, mesmo os dólar e euro nas alturas ainda é compensador sobretudo para as pessoas que apreciam a cultura, as artes, a arquitetura e a gastronomia.
Uma boa dica para quem vai com pouco dinheiro são as feiras livres e os supermercados, além das padarias. Preços bem mais em conta. (TF)