São muitas as mudanças no comportamento da sociedade entre 1985/2025 e ninguém sabe o que acontecerá nos 50 anos da Axé
Tasso Franco , da redação em Salvador |
04/03/2025 às 19:52
A nova geração que comandará o Carnaval nos 50 anos da Axé
Foto: LAB
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. O Carnaval de Salvador foi magestoso, grandioso, isso ninguém pode negar. E, também, violento, outra evidência vista com frequência e sem lentes de aumento. Comemorou os 40 anos da Axé Music, merecidamente, e de lá para cá (1985/2025) muita coisa mudou na sociedade brasileira, novas leis, novas posturas éticas, mais respeito aos cidadãos e introdução de muitas tecnologias que modificaram os trios elétricos com os procedimentos eletrônicos, as bandas, as emissoras de rádio e TV, uma mudança generalizada.
2. Hoje, Luiz Caldas, só para citar um exemplo ele que é considerado o pai da Axé não canta mais algumas músicas que fizeram grande sucesso (Nega do Cabelo Duro, etc) porque a sociedade se transformou e não aceita mais.
3. O artista, obviamente, tem que entender esse processo para não se dar mal uma vez que, também na última década houve um incremento da tecnologia nos iphones (a partir de 2007) e as redes sociais são canceladoras de procedimentos. Veja que, recentemente, a cantora Claudia Leitte sofreu bastante porque mexeu na letra de uma música tocando a representatividade de uma orixá.
4. Em 1985, quando a Axé surgiu e começou a renovar a música baiana que estava agregada com a geração Caetano Veloso e Gilberto Gil, eles que deram um passo à frente do modelo Dorival Caymmi e João Gilberto, algo além do cancioneiro do mar e da bossa nova, a Axé foi uma explosão.
5. Colocou a Bahia no destaque nacional com novas caras e gerou gerações de músicos, produtores, compositores, etc, uma indústria maior do que a de Caymmi/Caetano/Gil poderosa, nativa e que rende frutos até hoje, apesar do pagode e do sertanejo ter invadido sua praia. E criou, no Brasil, dezenas de carnavais (micaretas) com os mais variados nomes, de Fortal ao Curitiba Folia.
6. Mas é assim mesmo: entra um sai outro, renova-se, readapta-se, etc. Hoje, vemos grupos afro tocando e cantando axé o que não acontecia anteriormente e o Carnaval, maior evento do estado, se tornou uma mina de ouro em negócios o que também não acontecia na década de 1980.
7. O profissionalismo tomou conta do Carnaval e a PMS e o Estado são apenas gestores da burocracia. Quem de fato faz o Carnaval são os blocos, os grupos, as empresas e assim por diante. O povo também deixou de fazer e virou participante, mas, não decide nada.
8. O Guetho de Brown, hoje, tem uma join-venture. E não é só os grupos de blocos de trios que têm camarotes não. Os afros também têm. E veja que esse embalo camarotizado da Barra quem puxou foi Daniela Mercury e Licia Fábio onde hoje está o camarote do Grupo Sun e as estruturas das TVs eram pequenissimas, a TV Bahia/Globo inclusive usava uma pequena área desse camarote.
9. Hoje, quem vê um camarote Salvador com dezenas de multinacionais patrocinando e divulgando seus produtos entende a grandeza dessa mudança, do camarote da Daniela da década de 1990 para cá.
10. A mudança do Carnaval é grande em todos os campos e veja que curiosidade quando Eliana Dumet deu nome aos circuitos Campo Grande (Osmar) e Barra (Dodô) colocou o nome de Osmar que era mais famoso do que Dodô no Campo Grande, mais efervescente do que a Barra, e Dodô foi para a Barra. Resultado: Dodô superou Osmar e agora houve um equilibrio entre os dois circuitos e aí, sim, entra o papel da PMS na organização desse meio de campo.
11. Vale também lembvrar que o bloco de samba Alvorada que saia com uma "moqueca" da Ladeira da Praça, hoje, Malê, está completando 50 anos e desfilou no Campo com uma multidão. Que aconteceu? Ora, na terra da axé, do pagode, do arrocha, o samba conseguiu sobreviver e tem outros grupos com grande dimensão e as escolas de samba que desapareceram, no Fuzuê, o maior sucesso foi a Escola de Samba Filhos da Feira de São Joaquim.
12. O Carnaval muda sem que haja uma percepção mais clara e não há um comando ou alguém que faça esse controle ou direção. Uma vez perguntaram ao antropólogo Antonio Risério sobre o que iria acontecer no futiuro com o Carnaval e ele respondeu com uma risada.
13. Iso é, ninguém sabe. Nos 10 anos comemorativos da Axé o Hotel da Bahia era o "point" e o Tiete Vips um dos blocos mais animados da cidade com Rubinho dos Carnavais no comando. Hoje, o Tiete nem existe mais e Rubinho, coitado, está em casa de uma irmã na cidade-baixa (merecendo uma homenagem do Carnaval) semi-invalido pela velhice.
14. Foram tantas as mudanças no momo nesses 40 anos que daria para escrever um livro. A Rua Direita do Palácio (Chile) já foi o centro do Carnaval antes da Axé e a Praça Castro Alves era o santuário. Pois, veja vocês como são as coisas, a Chile e a Castro Alves estão renascendo com os grupos hoteleiros e projetos do Tira Chapéu e outros e o Carnaval ganhou vida nova por lá nesses 40 anos da Axé.
15. Onde está Ronaldinho Gaúcho? Em Ondina? Não, no Fasano. E vai puxando gente.
16. Não duvidem do Clube de Engenharia voltar a moda e o Beco Maria Paz idem. Vocês sabem onde é a sede de As Muquiranas? no Campo Grande/Aclamação. E o encontro axé em frente a Casa d"Itália que era bacana, morreu e está renascendo.
17. É assm o Canaval e a tecnologia entrou forte, a IA também, e compra-se e vende-se tudo no on-line, no PIX, no cartão. Isso na década de 1980/1990 sequer existia. Você tinha que ir com um pacote de dinheiro na pochete enfiada na virilha. E mijar na Praça Castro Alves era no buraco, no engradado, hoje, no banheiro químico.
18. Naqueles anos 1980/1990 pegar o buzu ou taxi apos o momo era um horror sem corredores, sem 99, sem moto Uber. Hoje, ainda há falhas, mas, melhorou 1000%. E comer, JC! só churrasquinho de gato e acarajés. Hoje, na Barra contei só na Marques de Leão 30 food trucks com vários tipos de sancuicnes, pasteis, coxinhas, etc.
19. A segurança que sempre foi um nó górdico no Momo também melhorou e evoluiu e muito. Hoje, a SSP tem um "Know How" invejável e usa procedimentos eletrônicos do controle nos portais a sua centrl de intelgência opera no CAB monitorando a cidade.
20. Sempre se fala que é preciso melhorar e nós também falamos isso. Mas, melhorar o que? Ninguém sabe.
21. A camarotização que era condenada há 10 anos porque as pessoas usavam os camarotes, os vips, para ver os blocos passarem e eles chiaram, se adaptou num pulo e faz seu próprio Carnaval dentro dos camarotes. E tem camarote que toca música eletronica e não música de Carmaval.
22. Então, nem o profeta de Wicked mais sagaz sabe o que vai acontecer quando a Axé completar 50 anos de existência. (TF)