Cultura

O RENASCIMENTO DO HONKY TONK E A CIDADE DO SALVADOR, p VALERIE SOLEIL

E aí, você me pergunta: o que isso tem a ver com Salvador? Tudo. Porque moda é linguagem, é apropriação e transformação
Valerie Soleil , Salvador | 15/04/2025 às 12:35
Um estilo de vida
Foto: LG
  
Honky Tonk: o nome pode até soar como uma onomatopeia de velho piano desafinado num bar de beira de estrada, mas é muito mais que isso. É uma estética, uma atitude e, pra mim, uma obsessão recente que tomou conta do meu guarda-roupa, das minhas playlists e, por que não, do meu coração. E sim, o Honky Tonk está voltando. Não como nostalgia, mas como tendência viva, suada e estilosa.

Afinal, o que é o estilo Honky Tonk?

Historicamente, “honky tonks” eram bares do sul dos EUA, especialmente do Texas e Tennessee, onde o country clássico, o blues e o rockabilly colidiam entre um gole de bourbon e um coração partido. Eram templos do exagero emocional, do drama amoroso e das botas batidas no chão. E o estilo que emergia desses espaços era uma tradução estética desse universo: camisas western com bordados brilhantes, franjas em movimento, cintos com fivelas exageradas, botas de cowboy surradas e, claro, muito jeans.

Da pista de dança pro street style

A estética Honky Tonk nunca desapareceu, ela apenas ficou nos bastidores, esperando a hora certa pra dar seu grito de yeehaw. E agora, em plena era TikTok, Pinterest e a redescoberta do vintage, ela voltou com força. Marcas como Khaite, Bode, e até Ralph Lauren revisitaram esse imaginário country com uma pegada high fashion. Enquanto isso, no street style, celebridades como Kacey Musgraves, Orville Peck e até a eterna trendsetter Beyoncé têm flertado com o look western.

E aí, você me pergunta: o que isso tem a ver com Salvador? Tudo. Porque moda é linguagem, é apropriação e transformação. O calor da Bahia não impede franjas, botas ou chapéus só adapta. E eu, como boa recém nascida soteropolitana inquieta, vi nesse estilo a chance de unir meu amor por narrativas visuais fortes com minha vibe musical que mistura Dolly Parton e Sister Rosetta Tharpe.

Moda Honky Tonk: quando o exagero é o novo minimalismo

Engana-se quem acha que Honky Tonk é só fantasia de festa country. É sobre autenticidade. Sobre vestir emoções. Pesquisas recentes em moda e comportamento mostram que estilos com forte carga simbólica como o western têm crescido especialmente entre jovens que buscam refúgio emocional em estéticas do passado. Em outras palavras: se o mundo tá um caos, a gente se veste como personagens de um filme de faroeste com trilha sonora de jukebox para tentar fazer sentido da vida.

Como eu incorporei o Honky Tonk no meu dia a dia?

Botas com franjas e calça jeans num dia comum de Feira de São Joaquim. Chapéu western com vestido de renda no pôr do sol do Porto da minha Barra. E sempre, sempre, um toque de atitude. Porque Honky Tonk é também postura: não abaixar a cabeça, dançar sozinha no salão vazio, cantar alto mesmo que desafine.

É sobre performar liberdade.

O que o Honky Tonk me ensinou?

Que estilo não é só estética é alma, que a Bahia combina com qualquer movimento que celebre intensidade e autenticidade. E que às vezes, tudo o que você precisa é uma jaqueta de camurça, um coração partido e uma trilha sonora que diga tudo o que você não consegue colocar em palavras. Honky Tonk é mais que um estilo é uma lente através da qual eu olho o mundo e ele me devolve com mais cor, mais som, mais verdade.