Economia

COOPERATIVISMO É HERANÇA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA AO BRASIL

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| 18/05/2008 às 14:15
  No ano em que se comemora o centenário da imigração japonesa, muitas contribuições dos orientais para a cultura brasileira estão sendo lembradas.

   Uma das mais importantes é o exercício do associativismo e cooperativismo. Já em 1919, os japoneses constituíram o Sindicato Agrícola Nipo-Brasileiro, em Uberaba (MG), juridicamente uma sociedade de capital aberto, mas já fundamentada em princípios cooperativistas, apesar de a lei brasileira sobre o tema só ter sido promulgada em 1932. Da mesma forma, surgiu em 1927 a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), com a união de cerca de 80 agricultores.


  Já em 1919, os japoneses constituíram o Sindicato Agrícola Nipo-Brasileiro, em Uberaba (MG), juridicamente uma sociedade de capital aberto, mas já fundamentada em princípios cooperativistas, apesar de a lei brasileira sobre o tema só ter sido promulgada em 1932. Da mesma forma, surgiu em 1927 a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), com a união de cerca de 80 agricultores.


  No embalo da CAC, apareceram outros grupos de produtores. Em São Paulo, estão entre os principais a Cooperativa Agrícola Sul Brasil, a Cooperativa Agrícola Bandeirantes, a Cooperativa Central de Bastos, a Cooperativa Agrícola da Fazenda Katsura de Iguape e a Cooperativa Agrícola de Registro. Viraram ícones de coletividade da colônia japonesa. "Infelizmente, desapareceram na década de 90", diz Yamanaka.


Um entusiasta

Rinzo Aoki veio para o Brasil no começo dos anos 1930 e ajudou a implantar o cooperativismo no país. Para isso, trocou um cargo de destaque no Ministério da Agricultura japonês por um de nível mais baixo no Ministério das Relações Exteriores. Seu irmão mais velho, professor universitário, foi contra. Mas, na primeira oportunidade, Aoki veio para o Brasil com a mulher, Sumiko. Formada em economia doméstica, ela apoiou o marido, com quem teve sete filhos, na decisão de trabalhar no Consulado Geral do Japão em São Paulo.


Paralelamente, Aoki formou uma associação para capacitar e treinar jovens na agricultura, Sanseiren. "Meu avô se dedicou ao cooperativismo", diz Erica Aoki, neta de Rinzo. "A lei brasileira sobre cooperativas foi idealizada por ele, inspirada no sistema alemão."


Antes de a 2ª Guerra Mundial começar, o governo japonês ordenou que ele voltasse. Mas Aoki se recusou - e deixou as atividades consulares. Novamente, a família no Japão tentou mudar sua opinião. Só que a decisão já estava tomada.

Erica tem três hipóteses para explicar por que o avô não quis regressar: "A primeira é que ele não poderia deixar os imigrantes sem auxílio e a segunda, a preocupação de fazer a viagem com filhos pequenos", diz. "A última é que ele, militar da reserva, não queria se alistar."


Aoki não se esqueceu de seu sonho. Notando que Bragança Paulista poderia se tornar um pólo agrícola, foi para lá e acabou conhecido como "Rei da Batata". Ele ainda ajudou a fundar a Cooperativa Central, a Cooper Cotia e a Cooperativa de Lins, entre outras. Morreu em 1960, sem nunca ter voltado ao Japão.