Política

AS PERSPECTIVAS DE ACM NETO, JERÔNIMO E LULA NA REGIÃO DO SISAL (TF)

Veja o que poderia acontecer e as perspectivas para 2026
Tasso Franco ,  Salvador | 16/11/2025 às 13:13
ACM NETO x Jerônimo
Foto: Brasil de Fato

   A Região do Sisal tem 20 municípios cuja sede administrativa é Serrinha. Possui uma população estimada em 592.382 habitantes (Censo de 2022) algo em torno de 300 mil eleitores. Levando em consideração que a Bahia tem 11.2 milhões de eleitores corresponde a cerca de menos de 3% do eleitorado total.

   Há de se dizer que essa região não tem relevância na eleição estadual de 2026. Evidente que não tem. Mas, os políticos não fazem esses cálculos matemáticos e entendem que todo local é importante quanto mais uma região. 

  Tomando por base Serrinha que é o município com mais eleitores, quase 50 mil, na última eleição para governador (2022) ACM Neto obteve 34.92% (16.093) com Jerônimo tendo 53.81% (24.801 votos). 

   Em 2026 haverá uma nova eleição e, pelo andar da carruagem, os candidatos serão os mesmos – Jerônimo, à reeleição; e ACM Neto, e o cenário em Serrinha e em toda região do sisal se mostra muito parecido como o de 2022, salvo exceções. Jerônimo ainda é o favorito, mas não haverá um passeio como se insinua. 

   Neto não conta com a maioria dos prefeitos, mas não está órfão, mesmo em Serrinha onde alguns correligionários políticos migraram para apoiar o candidato do PT estaria se reorganizando com Viviany de Eliseu (Republicanos) com quem já teve uma conversa e é pré-cndidata a deputada federal. Lembrando que, na última eleição municipal, em Serrinha, Viviany emergiu como terceira força política e surpreendentes 12.519 votos (22.75%).

   Tudo ainda é muito cedo para se fazer uma análise mais detalhada. No último final de semana, ACM Neto esteve no lançamento do Natal de Coité, que é uma espécie de espelho para a região, e levou consigo os prefeitos de Salvador, Bruno Reis, e de Feira de Santana, José Ronaldo, os dois maiores colégios eleitorais do estado. Coité é bem administrado pelo prefeito Marcelo Araujo (UB) aliado de ACM Neto e irmão do ex-deputado Tom Araújo que sofreu um câncer e se afastou da política.

     O PT nunca foi majoritário na região do Sisal. Já teve dois prefeitos nos municipais mais importantes, Serrinha (Osni Cardoso) e Coité (Assis da Caixa), mas ambos derraparam. Osni surgiu como uma esperança de mudanças, em 2008, mas, quando de sua reeleição (2012) para não perder se juntou as forças tradicionais locais, rompeu com o PSB e entregou os dedos.

   Em 2016, sequer conseguiu fazer o sucessor e a política serrinhense voltou ao eixo antigo do vianismo de Zevaldo Lima, já absorvido pelo durvalismo (de João Durval), que emplacou o filho Adriano Lima. 

   Adriano foi prefeito durante 8 anos e obedecendo o velho roteiro do pai (herdeiro do vianismo e do antigo PSD de André Negreiros) compôs com “Deus e Diabo na terra do sol”, aderiu ao bolsonarismo e ainda conseguiu fazer seu sucessor (Cyro Novaes), em 2024, com o apoio do PT, de Osni e do governador Jerônimo.

   Mas como o PT apoiar um bolsonarista que deu 7.200 votos a deputada federal Roberta Roma (esposa de João Roma) se o PT criticava Bolsonaro? 

   Na política, todos sabemos: o PT fala uma coisa e pratica outra. Adriano mudou de camisa e Cyro ingressou no MDB. Como Serrinha, em parte, é um curral eleitoral (assim como quase toda região do Sisal) as pessoas não levam em conta esses detalhes e votam nos nomes. Cyro eleito.

   Em Coité, deu-se o contrário. O PT foi defenestrado pelo grupo de Tom/Marcelo e o cruzamento de braços do deputado Alex da Piatã. Coité, hoje, diz o seguinte: “PT nunca mais”. Em Serrinha, nos bastidores, se fala a mesma coisa: “PT nunca mais”, salvo para apoiar como aconteceu com Cyro, onde Gika Lopes (PT, foi indicado vice).

   A região do Sisal tem outros deputados estaduais – Marcinho Oliveira (Santaluz) e Laerte de Vando (Monte Santo) e nenhum federal. Marcinho (UB) aliado de Elmar Nascimento já virou adesista ao petismo; e Laerte é da base governista, mas, há muitas peculiaridades em Monte Santo, onde há um deputado ligado a ACM Neto que é aliado da prefeita.

   A política na região do Sisal tem muitas dessas peculiaridades. Por isso, digo que Jerônimo é favorito, mas não absoluto.

   Em Serrinha, por exemplo, se diz que haverá uma dobradinha Adriano Lima (deputado federal) e Osni Cardoso (estadual); e Viviany de Eliseu, federal. Uma possível candidatura da vereadora Edylene Ferreira a estadual, se ela apoiar Jerônimo como se fala (já teve um encontro com Loyola) não vai para lugar algum. Osni é o favorito. Se ela se juntar a Viviany e apoiar Neto tem pouca chance, mas um futuro político diferenciado, sem a marca de adesista.

   Vale lembrar que, em 2024, Cyro só venceu (em tese e na real) porque não se concretizou uma aliança Ferreirinha (29.67% dos votos) + Viviany (22.75%) o que dariam 52,42% bem acima dos 43.56% obtidos por Cyro.

   Isso não desmerece a vitória de Cyro costurada e organizada pelo prefeito Adriano Lima. A vitória, em si, foi de Adriano que conseguiu isolar o PT de Osni, o qual, brecou a pré-candidatura de Sandro Magalhães (a prefeito, na inicial pré-disputa ) e aceitou colocar o ex-deputado Gika Lopes, como candidato a vice de Cyro. Esse movimento não teria agradado a base petista militante local que, ao que dizem, teria votado em Viviany.

   Então, essas peculiaridades continuam não só em Serrinha, mas, em toda região do Sisal, daí Marcelo Araújo ser importantíssimo para Neto, como um coordenador, um operador.

   Porém, o maior problema para ACM Neto é Lula, um fenômeno eleitoral, que, em Serrinha, na última eleição obteve 73,14% dos votos para a Presidência (35.341 votos), enquanto Jair Bolsonaro foi a escolha de 21,72% dos eleitores (10.496 votos) do município. 

   Ou seja, Lula teve 20% mais votos que Jerônimo, 30% mais votos que Cyro, e muitos dos votos de ACM Neto (e de Viviany) se deram numa casadinha com Lula.

   Para ACM Neto, Lula é mais relevante do que Jerônimo e todos os prefeitos da região Sisal e como ele vai se comportar diante do petista ainda está em aberto. Se o candidato preferencial da direita for Tarcisio (governador de SP) será o melhor para ele. Mas, em princípio, não pode falar nada de Lula. De Jerônimo pode; de Lula não. Ou ainda não. (TF)