Turismo

O FUNDO DO POÇO DE SALVADOR II e uma comparação com La Paz (TF)

É muito triste o que está acontecendo na capital baiana
Tasso Franco , da redação em Salvador | 14/04/2015 às 13:36
Câmbio na rua, sem a necessidade de segurança, e a senhora com dinheiro à vista
Foto: BJÁ
  Já tínhamos comentado neste BJÁ no último dia 4 sobre a desenfreada violência em Salvador e a perda da cidadania (Vide: O Fundo do Poço de Salvador e uma comparação com La Paz) e, agora, quando retorno da Bolivia, só vejo essa comprovação. 

   Ontem, o deputado Hildécio Meireles (PMDB) falando na tribuna da casa que, durante uma semana, na RM aconteceram 51 assaltos a ônibus, e, hoje, bandidos emboscam dois turistas espanhóis, sendo que um deles é morto a tiros e o outro baleado.

   Hugo Calavia Blanco, 36 anos, fazia um tour pela América Latina, procedente do Equador. Encontrou a morte em Salvador, a ex-terra da felicidade, numa rua de Itapuã próximo a casa de Calazans Neto, um ponto turístico da cidade. 

    Itapuã foi o bairro cantado por Vinicius de Moares nos anos 1970. Hoje, violentissimo. Abaeté foi imortalizada por Dorival Caymmi, hoje, é bom olhar só nas fotos. Quem por lá vai, em turismo, é assaltado. Saiu do roteiro das agências.

   A pergunta que se faz é por que ficamos tão violentos? 

   O Equador, a Bolivia, o Peru, El Salvador, etc, são países mais pobres do que o Brasil. La Paz é uma concha. Tem favelas para todo lado. Mas, há cidadania. O câmbio em La Paz (vide foto) se faz na rua, em tendinhas que se assemelham com as antigas do jogo do bicho na Bahia. Aceitam-se todas as moedas da América Latina. 

   Troquei R$500,00 nesta da foto. Sem burocracia, sem nada. A senhora contou o meu dinheiro e me passou 1.000 bolivianos.

   Perguntei a ele se quizesse trocar R$10 mil se ela trocaria. Resposta: - Sem problemas. São 20 mil bolivianos. 

   - E a senhora tem esse dinheiro aí?

   - Tenho até mais que o senhor queira, respondeu. 

   Quando fomos a Bolivia - eu e minha esposa - esta foi ao Shopping Barra comprar 1.000 dólares. Daquele tamanhão, o Barra só tem uma casa de câmbio. Um segurança armado só abre a porta quando a pessoa se identifica. Depois que entra a porta é fechada e o segurança fica com a mão no coldre.

   Salvador é uma cidade turistica. O calçadão da Barra não tem uma casa de câmbio. O Pelourinho da mesma forma, salvo nos bancos.

   La Paz tem umas 20 biroscas dessas nas ruas fazendo câmbio.

   É isso. Perdemos a cidadania. Ficamos violentos, assustados, segregados. 

   E os turistas quando aqui chegam são mortos a bala.

   Triste Bahia.