No coração da Serra da Mantiqueira, na pequeníssima vila de Maromba, encontra-se um pitoresco ponto turístico do estado do Rio de Janeiro: a Cachoeira do Escorrega.

O nome é auto-explicativo. Uma queda d'água que nasce nas águas extremamente geladas do Parque do Itatiaia e com pedras tão lisas que formam um tobogã natural. 

Maromba já foi um reduto hippie, super alternativo. Hoje, nem tanto. No início, a região era ocupada por fazendas, sítios e trilhas de tropeiros, que cruzavam a serra levando mercadorias entre o Vale do Paraíba, Minas Gerais e o interior do Rio de Janeiro. 

A economia era basicamente de subsistência, com a criação de gado, pequenas lavouras e exploração de madeira.

O rio Preto e seus afluentes eram referências naturais e pontos de apoio para quem vivia ou atravessava a região.

A ferrovia e o surgimento das vilas

O grande marco de transformação do local aconteceu no início do século XX, com a Estrada de Ferro Central do Brasil. A construção da ferrovia impulsionou o surgimento de pequenos núcleos habitacionais ao longo da linha, como Visconde de Mauá, Maromba e Marombinha.

Maromba se formou como uma vila de apoio: moradia de trabalhadores, pequenos comércios, pensões simples e serviços básicos. A criação do Parque Nacional do Itatiaia, em 1937 — o primeiro parque nacional do Brasil — teve impacto direto na região. Parte do território passou a ser protegida, o que limitou grandes empreendimentos e ajudou a preservar a paisagem. 

 Os anos 1970 e a virada cultural

A grande mudança de identidade aconteceu nos anos 1970, quando Maromba atraiu jovens artistas, hippies e andarilhos em busca de natureza, espiritualidade e uma vida comunitária. A região virou refúgio alternativo e até hoje é comum por lá chapéus de bruxa, barbudos com tatuagens desbotadas, cabelos trançados em dreads e muito artesanato. 

Testemunho pessoal: na escola onde estudei, colégio católico de freiras, lá pelos idos dos anos 80, lembro do escândalo que rolou entre as turmas quando a irmã de uma colega de classe largou a família e o colégio para viver em Maromba com um homem muito mais velho.

O auge da rebeldia sem causa para a burguesia de Ipanema, onde  morei e estudei. "Foi viver em Maromba, vendendo mel e sem raspar o sovaco" , diziam as colegas nas rodas de fofoca e as mães receosas. Fato é que ela foi mesmo. Por onde anda, não sei. 

Hoje, Maromba é uma vila pequena, de uma única rua e única igreja, muito simples conhecida pelo turismo de natureza, pelas cachoeiras (Escorrega, Poço da Maromba, Véu da noiva, Santa Clara), pelas trilhas e pelo clima muito ameno e frio.

Fui conhecer a Cachoeira do Escorrega após o almoço, em um dia nem muito quente e nem muito frio. Do Vale do Pavão (onde me hospedei) até lá foram pouco mais de 5km. A estrada é estreita, com pouca sinalização e muitas vezes com passagem para apenas um carro. Por ser a Cachoeira mais famosa da região, o vai e vem de pessoas andando, correndo, de bicicleta e quadriciclo é grande. Muitas pessoas levam cachorros e crianças porque o acesso é muito tranquilo. 

Não é preciso fazer trilha e há três estacionamentos no local (25 reais) no local. A entrada na cachoeira é gratuita e há bares, restaurantes, pousadas e lojinhas muito perto. Dá para comprar queijos da região, cachaças, mel e doces artesanais. 

A Cachoeira do Escorrega fica dentro da Serra da Mantiqueira em uma área muito preservada, na entrada do Parque de Itatiaia. Há ul guia no local, muito simpático, e placas de sinalização. 

O Escorrega natural tem entre 8 e 10 metros e pode ser acessado da parte de cima. A água é MUITO gelada. Entre sem pensar porque depois do primeiro mergulho a água fica maravilhosa, ainda mais em dias de sol. Minha sugestão é ir até a parte de cima, mais vazia. Mas seja prudente, pois o volume de água é grande e forte. 

Mergulhe, depois sente nas pedras, aproveite o sol da Serra e aprecie o som potente da natureza local. 

 Onde fica exatamente

Vila de Maromba – Visconde de Mauá

Município de Resende (RJ)

Região serrana, próxima a Itatiaia e Piquete (SP)

 Chegando de carro (opção mais prática)

 Para quem vem do Rio de Janeiro

Pegue a Via Dutra (BR-116) sentido São Paulo

Saída para Resende

Siga as placas para Visconde de Mauá

Após passar por Mauá, continue em direção a Maromba

A cachoeira fica antes do centrinho de Maromba, bem sinalizada

 Tempo médio:

Rio → Maromba: 4h a 4h30

 Para quem vem de São Paulo

Via Dutra (BR-116) sentido Rio de Janeiro

Saída para Piquete / Cruzeiro

Suba a serra em direção a Visconde de Mauá

Passe por Mauá e siga para Maromba

Tempo médio:

São Paulo → Maromba: 4h a 5h

Atenção: o trecho final é de serra, com curvas e partes estreitas. Vá com calma. 

Chegando de ônibus

É possível, mas exige um pouco mais de planejamento.

Passo a passo:

Ônibus até Resende (RJ) ou Cruzeiro (SP)

De lá, pegar:

ônibus local para Visconde de Mauá, ou

táxi / transfer / aplicativo

De Mauá até Maromba, são cerca de 6 kmDica importante:

Os horários de ônibus para Mauá são limitados. Confira com antecedência e, se possível, combine transfer com a pousada.

 Dicas 

Vá com calçado antiderrapante

 Leve roupa de banho e toalha

 Não escorregue se o volume de água estiver alto. Nao há salva vidas ou resgate no local. Portanto, respeite a natureza. 

 Leve seu lixo de volta